21 de nov. de 2009

A Parábola e os Três Pródigos

Sem sombra de dúvidas, um dos textos mais conhecidos das Escrituras é a parábola do filho pródigo. Realmente, é um texto rico, atual e autêntico que nos traz muito mais para refletir e aplicar em nossas vidas, do que já temos ouvido sobre ele; e essa história pode ser encontrada no Evangelho de Lucas, capítulo 15, a partir do verso 11, estendendo-se até o versículo 32.

Diversas vezes, nosso campo visual torna-se tão psicoadaptado com passagens bíblicas como essa, que acabamos passando despercebidos pelas incontáveis verdades expressas nelas. E é por essa questão, que desejo compartilhar com vocês, o que pude apreender de um estudo dirigido por meu pai, usando o texto supracitado, e das reflexões que posteriormente tomaram parte em meus pensamentos.

A parábola do filho pródigo trata da questão do esbanjamento, do gasto em excesso de dois filhos inconstantes, insatisfeitos e perdidos, e a primeira coisa que nos chama a atenção é justamente o adjetivo usado para descrevê-los: pródigo - pois é exatamente isso o que a palavra significa - gastador, esbanjador, o que gasta em excesso.


Porventura, alguém pode estar se questionando: "Ora, sempre achei que essa parábola referia-se a apenas um filho pródigo, algo que até o título deixa claro." Bom, estamos acostumados com essa perspectiva, certo? A título de informação, essa parábola nos apresenta três pródigos. Surpresos? É verdade, porém, iremos por partes.


Em primeiro lugar, vamos tratar do pródigo mais conhecido - o filho mais moço, o imprudente que pediu ao seu pai a parte que lhe cabia na herança, e em seguida foi para um lugar distante, gastar da pior forma possível o seu dinheiro. Este jovem, quando faz semelhante pedido a seu pai, comete algo reprovável e desonroso, ou seja, ele mostra com tal atitude que estava desejando a morte do seu progenitor. Ora, uma herança só pode ser dividida e tomada como posse, quando aquele ou aqueles que a detinham, depois de redigido um documento, o tão conhecido testamento, deixando todas as suas exigências e diretrizes por meio dele, falecem. Concordam comigo?


Temos então, o primeiro quadro: o pródigo que visa esbanjar dinheiro, poder, popularidade, "status", que não mede esforços para conseguir seu propósito, o tolo que se afasta da casa e da companhia do pai.


Passemos agora, ao caso do segundo pródigo - o filho mais velho - esse mesmo, não se espantem! Parece improvável? Ele não era o filho obediente, que fazia tudo que o pai mandava, que cumpria com suas obrigações, o filho exemplar, irrepreensível em sua conduta, em seus pensamentos? Em que ele era gastador?


Aparentemente, ele era o filho que sempre estava certo em todas as coisas que fazia e motivo de alegria para o pai, familiares, amigos e vizinhos. Entretanto, verifiquem qual é a reação dele quando o irmão mais novo retorna ao lar e tem diante de si o fato do pai não somente tê-lo aceito, mas também mandado preparar uma festa para celebrar seu retorno.


Lucas 15.25-30: "Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa,ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo.E ele informou: Veio teu irmão,e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava reconciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandastes matar para ele o novilho cevado."


Indignação, revolta, era isso o que estava em seu coração. Ele portava-se como um injustiçado diante daquela situação, começou a desfilar na frente do pai, a quem considera seu patrão, a lista dos deveres e obrigações cumpridas: "Todo esse tempo cuidei da casa, dos animais, do campo, fui bom aluno, fiz o que era bom e respeitável, nunca transgredi nenhum mandamento, e nem por isso o senhor me concedeu um cabrito como pagamento."


Vemos então, um jovem que gasta todo o seu tempo em murmurações, em reclamar, em questionar a sabedoria e a bondade do pai, e o mais triste de tudo isso, gasta seus recursos, sua força, sua juventude, sua retórica, seu serviço, esperando somente receber algo em troca, bênçãos, talvez fazer algum tipo de barganha não totalmente às escâncaras, mas que não deixa de ser sórdida com o pai - eu cumpro minhas obrigações, mas quero reconhecimento, quero poder desfrutar disso, quero minha parte, esquecendo-se que tudo que era do pai também lhe pertencia e dessa forma, ele não precisava fazer nada para obter o que já era seu por direito.


Isso nos leva a pensar que também agimos assim. Temos considerado mais o fato de que somos servos e nos esquecemos de que também somos filhos, e como tal, esquecemos dos benefícios que nos advém por esse motivo.Você não pode ser cristão com o intuito de ser reconhecido, de ser visado como alguém superior, mais correto e humano do que os outros, com a finalidade de alcançar algum tipo de promoção por isso. Lamento, mas não tem opção nesse caso.


Não tente impor qualquer tipo de troca com Deus, Ele não usa dos mesmos argumentos e métodos que nós, pobres mortais. Se você é filho de Deus, é bom que tenha em mente a memória bem vívida de que realmente é servo, pois assim como Cristo, seus discípulos deviam buscar servir e não serem servidos,mas lembre-se de que também é filho, portanto, aja como filho, viva como filho, sirva como filho.


Deus não é nosso patrão, não é alguém que possa ser comprado, influenciado, mas é nosso Pai, alguém que deseja nos ter mais perto e que venhamos a desfrutar não somente daquilo que Ele tem para oferecer, mas principalmente de quem Ele é!

E por fim, chegamos ao terceiro pródigo. Aquele pai que foi insultado pelo filho mais novo, que foi ultrajado pela desconfiança e amargura do mais velho, sai ao encontro de ambos, aceitando o primeiro de volta ao seio do lar e tentando reconciliar o segundo, mostrando-lhe seu amor, sua sabedoria, sua compreensão.


O pai que anos antes tivera a vergonha de ter um filho rebelde saindo de casa e desejando sua morte, aliado ao comentário dos vizinhos, não se importou em correr diante dos olhos de todos para abraçar o pródigo que voltava ao lar, e mais uma vez reduzindo-se, esvaziando-se, sendo humilde apesar de tudo.


O mesmo pai queria mostrar ao filho mais velho que apesar de suas dúvidas, tudo o que ele possuía era dele também, e desejava que ele entendesse isso e de igual modo, o fato de que ele amava cada um de seus filhos de uma forma única, especial.

Temos então, o pródigo em amor, aquele que não se importou em abrir mão de Sua glória, de esvaziar-se, de viver em meio a limitação humana, como homem, de andar no meio de pecadores, de ser insultado, rejeitado, morto pelos mesmos homens, e que com Sua morte, tomou nossos pecados sobre si, sofreu a nossa condenação e que com o derramar de Seu precioso sangue e o moer de seu corpo na cruz, nos dá a oportunidade de retornarmos ao lar, e nos aceita apesar de quem somos.


"Jesus é o filho pródigo do Pai pródigo que deu tudo o que o Pai lhe tinha confiado para que eu pudesse me tornar como ele e voltar com Ele para a casa do seu Pai."( Philip Yancey)
Espero que possamos cada dia mais reconhecermos tão grande amor, e que não venhamos nos esquivar de tão grande salvação! Por isso, aceite o amor do Pai, venha sem demora ao Seu encontro, não gaste sua vida, seu tempo ou qualquer outra coisa com insignificâncias, porque existe algo muito mais precioso para e com que gastar seus talentos, seus esforços - o amor de Deus!


Deus te abençoe abundantemente!

5 de nov. de 2009

Como Águias!


Muito se tem dito sobre a maldade, violência e todo o caos que temos vivido nos últimos tempos, e sem sombra de dúvidas, a Palavra de Deus nos exorta a procedermos de forma prudente, "porque os dias são maus." (Efésios 5.16)

Somos tão acossados pelo medo, pelos preconceitos, pela rotina cotidiana, que nossa visão fica embaçada, nossas perspectivas se esvaem e o desânimo nos acomete de tal forma que ficamos prostrados diante das diversas circunstâncias que nos são impostas pela vida.

Nesses momentos, nada parece ter sentido; o que realmente sentimos, é a impotência diante da dor, do fracasso,diante da constatação de que não somos super heróis, diante do fato de que somos falhos. Ficamos observando a beleza e a sensação de liberdade transmitidas pelo altivo vôo das aves no céu, e diversas vezes pensamos: Ah! Se pudéssemos voar!

Sabemos que o modo como temos vivido tem suplantado nossa alegria, nossa paz. Tentamos fugir desse sistema malévolo que tenta nos tragar, mas nem sempre é fácil avistarmos a saída no fim do túnel.

Quando tudo parecer contrário, quando nossa visão ficar obscura no meio da tempestade e quando nossas forças forem ínfimas, creiamos na fidelidade do Senhor! Lembremos do que Deus falou por meio do profeta Isaías:

"Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam." (Isaías 40.30-31)

As águias são animais bastante admiráveis, não somente por sua beleza, força física ou impetuosidade, mas pela capacidade que possuem de renovação quando parece que a existência está por um fio, e apesar de toda dor e dificuldade que esse processo possa trazer, podemos vislumbrá-las mais uma vez em todo seu esplendor nas alturas.

E é justamente esse o ponto que quero enfatizar! O Senhor renova as nossas forças como a da águia, Ele restaura nossa visão, de modo que possamos olhar de forma nova, real e mais ampla aquilo que Ele tem proposto para nós, e acima de tudo, Ele sempre nos convida a andar na dimensão das águias, ou seja, mais próximos de Sua doce e inefável presença!

Uma última reflexão: Podemos de fato voar. Como diz o tão inspirado Thiago Grulha: "Com Deus eu posso voar, e o céu alcançar, voar é aprender a amar!"

Deus o abençoe grandemente!