21 de fev. de 2011

Saindo do Castelo da Dúvida.

Meu avô paterno costuma dizer que cada pessoa tem um calo e apenas ela sabe onde dói. É bem verdade que há motivos de sobra para nos envergonhar quando olhamos para nosso sofrimento quando comparado ao que tantos estão passando. Ainda sim, a dor ainda continua lá, intacta, e neste caso, o que meu avô diz tem coerência.

Por que estou falando de sofrimento? Por inúmeras razões, motivos não faltam, infelizmente. Ainda ontem uma moça de trinta e um anos, depois de ter seu corpo açoitado pela dor gerada por um câncer, enfim pôde descansar. Uma dor que dá espaço a outra agora, a saudade, a falta já sentida pela família.

Fome, guerras, doenças, medo, violência... Sonhos que não deixaram o mundo particular dos pensamentos, mas já naufragaram. Dor gerada pelo pecado, pessoas vergadas pelo peso dos anos, maus anos, repletos de desafios, quedas, humilhações, indiferença... Olhos que choram. Os meus próprios olhos... Não entendo tudo sobre isso, e às vezes, reconheço, não quero entender.

Uma coisa eu sei: enquanto os dias correm com o vento, quanto mais olho ao meu redor, e perscruto minha própria vida, posso chegar a uma conclusão: o sofrimento, se assim permitirmos, pode ser uma forma de crescer. Nada de masoquismo, não é isso.

Quando estamos quebrantados, literalmente no chão, descobrimos realmente nossas fraquezas e reconhecemos nossa dependência de Deus. É aí que aprendemos a olhar para o alto, não com a atitude de altivez, mas com olhos que suplicam a presença de um Deus amoroso, que veio até nós, não poupando Seu próprio Filho, e nos estende as mãos, nos acolhe em Seus braços e nos mostra o caminho certo a seguir. Cristo sofreu, e o sofrimento dEle não foi em vão. Ele entende perfeitamente o que sentimos, pois como homem, embora sem pecado, Ele partilhou de nossas dores e angústias.

Talvez este seja o momento certo de transformar a lágrima em riso, não tentando manter a aparência de alguém invicto, de super herói, mas como alguém que reconhece que a estrada pode ser íngreme, os montes escorregadios, e os abismos muito próximos, que podemos nos perder no caminho e pegar atalhos que nos levam ao Castelo da Dúvida, mas nosso Pai não permitirá que o Gigante Desespero* nos mantenha como reféns.

Como bem disse John Piper: "Há apenas uma maneira de escapar do gigante Desespero e do Castelo da Dúvida que é a persistência da esperança e a chave da promessa."

O melhor lugar para se estar é na presença de Deus, em todos os momentos, principalmente quando a alma grita e as lágrimas não são suficientes. "Porque quando estou fraco então sou forte." (2 Coríntios 12.10b)

Reflita nisto e Deus o abençoe.

*Gigante Desespero - personagem do livro O Peregrino - Jonh Bunyan