Quem disse que não deveria chorar ou me "ausentar" do mundo quando estivesse triste? Ou que não seria bom transparecer insatisfação primeiramente com os meus erros, mas também com a falha alheia, que de alguma forma sempre me atinge; pra disfarçar a raiva, maquiar as palavras para não dizer a verdade aos ouvidos maculados pela mentira? Infelizmente, o que ainda me impede de dizer certas coisas, é o verniz da educação, e estas coisas nada têm de obscenas, partidárias ou falsas.
Quem disse para me conformar com minha própria situação, muitas vezes inconstante, e porque me conformaria com o caos que impera neste mundo? Quem disse que deveríamos agir como fariseus, hipócritas e bandoleiros da fé? Aliás, de onde saiu tanto absurdo e com que autoridade proferem tais mentiras?
Paulo nos diz que "para a liberdade foi que Cristo nos libertou" (Gálatas 5.1) e é pela certeza desta liberdade que não nos atreveremos a sermos fantoches ou alguma nova espécime de robôs. Salomão nos instrui sobre o tempo certo de todas as coisas, inclusive para chorar, para jogar pedras, para se afastar, e igualmente há o tempo de rir, de ajuntar e de amar. (Eclesiastes 3)
Que Deus me ensine a chorar e me derramar quando necessário, que eu não cale dentro de mim sentimentos ou palavras por farisaísmo, legalismo ou religiosidade barata; mas se vier a calar, que seja por sabedoria, sensatez e necessidade. Que meu sorriso não fira o coração alheio, mas seja expressão genuína que encontro somente naquele que extrai dos meus dias mais sombrios, sempre alguma cor e beleza, os quais por mim mesma, não saberia sequer existir.
Que eu me mantenha longe, não por comiseração ou orgulho mesquinho, mas pela necessidade de refletir e de silêncio, de espaço para o próximo e para mim mesma, afinal, "respirar" é condição indispensável a qualquer um. E acima de tudo, que os encontros e reencontros sejam cheios de alegria verdadeira, afeto sincero e que na comunhão entre dois ou três, Deus se faça presente, pois ali o encontraremos se assim procedermos.
Ensina-nos a viver, Senhor!